Pronto-Socorro

10 atitudes que NÃO se devem tomar de rotina durante o manejo do paciente vítima de PCR!

As novas diretrizes de suporte básico e avançado de vida, lançadas em 2015, trouxeram algumas novidades sobre condutas do BLS e ACLS., como a maior ênfase  em se manter a alta qualidade das manobras de RCP, da instituição de equipes para prevenção de PCR intra-hospitalar e algumas modificações em relação aos cuidados pós-PCR.
Nesse POST, no entanto, gostaríamos de reforçar 10 atitudes que NÃO DEVEM SER tomadas de rotina no atendimento da PCR.

1) Apesar de haver um racional interessante, os estudos não mostraram benefício na realização de fibrinólise durante a PCR. Sendo assim, não se deve realizar fibrinólise durante as manobras de RCP de um paciente com suspeita de Síndrome Coronariana Aguda (SCA). A conduta em relação a trombose da coronária deve ser tomada imediatamente ao retorno da circulação espontânea do paciente, mas não durante a reanimação em si. Obviamente, prefere-se que o paciente seja encaminhado ao cateterismo sempre que o centro disponibilizar desse recurso.

2) Não se deve realizar a passagem de Marcapasso Transvenoso (MPTV) de urgência na vigência de PCR por qualquer ritmo. Esse recurso fica restrito apenas ao tratamento das Bradicardias com instabilidade.

3) Não se preconiza a realização de resfriamento ou controle de temperatura em cenário pré-hospitalar. Portanto, a terapia de controle de temperatura entre 32-36oC deve ser feita apenas após a admissão do paciente no Hospital.

4) Não se deve pensar em prognosticar ninguém, sobretudo em relação a desfecho neurológico, antes das primeiras 72h pós-normotermia, para aqueles que tiveram instituída o controle de temperatura no pós-PCR, e após 72h do evento da PCR para os que não foram submetidos a essa intervenção.

5) Não se tem evidência de número alvo para monitorização da PCR em relação a valores de PVC ou saturação venosa central, durante a vigência da PCR. Portanto, capriche nas manobras de BLS e siga o atendimento preconizado.

6) USO DE ECMO ( Oxigenação por membrana extra-corpórea): Não se pode recomendar seu uso de rotina. Em locais onde haja times de ECMO, esseartifício pode ser utilizado, desde que haja protocolo específico da instituição definindo os casos elegíveis para tal.

7) Não se faz flumazenil na PCR em que haja suspeita de uso de benzodiazepínicos.

8) Não se fazer glucagon na vigência da PCR com beta-bloqueador.

9) Não deve-se utilizar atropina no manejo de doentes com AESP ou Assistolia.

10) Não fazer bicarbonato de sódio (BIC) de rotina. Por exemplo, quando o doente já está em PCR há determinado tempo. A exceção a essa regra são, basicamente, 3 situações onde a GÊNESE da parada está relacionada a situações onde o BIC pode servir como ‘antídoto’ : intoxicação por antidepressivo tricíclico, acidose ou hipercalemia PRÉVIOS e relacionados ma PCR.

Leitura sugerida:
New Web-Based Integrated Guidelines. ACLS 2010/ 2015. Site oficial da AHA. Disponível em aqui

 

Sobre o Autor

Daniel Valente

Médico com residência médica em Clínica Médica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e em Cardiologia Clínica pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor-HC-FMUSP). Especialista em Ecocardiografia pelo InCor-HC-FMUSP e pelo Departamento de Imagem Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (DIC-SBC). Doutor em Cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Coordenador do Serviço de Ecocardiografia da ONE Laudos.

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