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10 mandamentos dos testes não-invasivos na doença coronariana estável!

Fonte: ‘Os dez mandamentos’, 1956. Direção: Cecil DeMille, ator John Charles Carter

Decidir a respeito de solicitação/interpretação de exames de imagens não-invasivos no contexto da doença coronaria estável não é tão simples quanto muitos podem pensar. As várias modalidades disponíveis em cada serviço e as múltiplas variáveis fornecidas por esses métodos devem ser conhecidas do cardiologista para que a melhor conduta para cada paciente seja tomada. Aqui vão 10 pontos que consideramos fundamentais e que merecem reflexão!

OS DEZ MANDAMENTOS  DOS EXAMES NÃO-INVASIVOS
1 – Sempre analisarei o ECG de base do doente antes de pensar em pedir ergométrico, uma vez que alterações de ECG como presença de bloqueios de ramo, arritmias e hipertrofia ventricular podem tornar difícil a interpretação deste exame. Além disso, julgarei sobre sua capacidade para exercício ( doença pulmonar associada ou presença de problemas neurológicos/ortopédicos) e função renal no sentido de decidir sobre outras modalidades de exame factíveis para o doente.
2- Sempre que possível irei OPTAR pelo uso de STRESS FÍSICO em detrimento do uso de fármacos, por simular melhor a fisiologia do doente.
3- Jamais esquecerei que os exames não-invasivos podem ser feitos em 3 contextos: para diagnóstico, prognóstico e avaliação de terapia medicamentosa. Por isso, ao me deparar como resultado do exame tentarei recordar em que cenário o mesmo foi pedido.
4 – Sempre irei calcular a probabilidade pré-teste para definir qual tipo de exame irei pedir em meu paciente. Lembrando que entre 15-50% a angiotomografia de coronárias é boa, entre 15-65% podemos também usar Teste Ergométrico e entre 15-85, mas sobretudo entre 65-85% irei optar por exames de imagem funcionais – Ecocardiografia de Stress e Cintilografia de Perfusão Miocárdica.
5 – Quando estiver pedindo teste para avaliação diagnóstica de isquemia, lembrarei de suspender os beta-bloqueadores 48-72 antes do exame e os bloqueadores de canal de cálcio e nitrato no dia do mesmo.
6 – Prometo que, ao analisar o laudo de um exame, NÃO irei apenas ler o laudo, mas sim buscar as variáveis que possam me indicar prognóstico em relação a doença coronariana! 
7 – Prometo que não irei ficar pedindo provas de isquemia anuais em pacientes que não tiverem tido eventos ou mudança de classe funcional.
8 – Salvo melhor juízo, NÃO PEDIREI EXAMES para pacientes sem sintomas sugestivos de angina par fins de ‘rastreamento’ de doença coronariana!
9 – Sempre terei em mente que a fração de ejeção baixa, desde que não relacionada a outra causa que não a isquêmica, mesmo em repouso, será sempre um critério de pior prognóstico.
10 – Por fim, prometo que sempre avaliarei o paciente como um todo ( sintomas, idade, co-morbidades,  preferências, medos, etc) e não o resultado isolado do teste para definir a melhor conduta terapêutica.

Sobre o Autor

Daniel Valente

Médico com residência médica em Clínica Médica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e em Cardiologia Clínica pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor-HC-FMUSP). Especialista em Ecocardiografia pelo InCor-HC-FMUSP e pelo Departamento de Imagem Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (DIC-SBC). Doutor em Cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Coordenador do Serviço de Ecocardiografia da ONE Laudos.

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