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Endocardite Infecciosa: quando indicar a cirurgia de maneira precoce ?

A Endocardite Infecciosa é um quadro infeccioso grave que acomete o coração e, sobretudo, o tecido valvar. 
O seu diagnóstico é feito através de um alto grau de suspeição em paciente que apresenta-se com sinais/sintomas sistêmico, febril e, em geral, com algum grau de fator de risco, sobretudo lesões valvares prévias.
O cerne do tratamento é a antibioticoterapia prolongada, a distinção se o caso é de válvula nativa ou não e a decisão se a intervenção cirúrgica para reparo/troca valvar é necessária.
Nesse último quesito, urge ao Cardiologista Clínico / Cirurgião Cardíaco e Infectologista, decidirem em quais pacientes se proceder a intervenção cirúrgica mais precoce, ou seja, antes mesmo de se finalizar o tempo de antimicrobiano, que usualmente fica em 4-6 semanas. 
Por isso, colocamos aqui as recomendações do último Guideline Americano de Doença Valvar e suas indicações de cirurgia precoce em portadores de Endocardite ( 2014):
CLASSE I 
1) Intervir na E.I. causando disfunção valvar importante e resultando em sintomas de insuficiência cardíaca
2) E.I. de câmara esquerdas quando o germe é S. aureus, Fúngica ou outros organismos multi-resistentes
3) E.I. complicada por bloqueio-cardíaco, abscesso aórtico ou anular ou lesões penetrantes destrutivas. ( Eis o motivo de se pedir diariamente o ECG para se monitorizar o intervalo PR e para repetição de exames de imagem na menor suspeita de piora clínica!)
4) Paciente que persiste apresentando bacteremias e febre a despeito de antibioticoterapia adequada após 7 dias de tratamento.
5) Pacientes com válvulas prostéticas em que há recorrência das infecção, definida como bacteremia recorrente após o término da antibioticoterapia planejada, inclusive com culturas negativas de controle, em que não se encontre outra causa plauvísel a despeito de adequada investigação.
CLASSE IIa
1) Cirurgia precoce para pacientes nas quais ocorre recorrência de embolização e persistência da vegetação apesar da antibioticoterapia adequada ( esse é um dos motivos em que alguns serviços se realizada um TC de Crânio e USG abdome logo no início do quadro para servir de base para acompanhamento posterior).
2) Considerar cirurgia em pacientes com válvula nativa que tenham vegetações > 10 mm, com ou sem evidência de embolização
As recomendações americanas são parecidas com as recomendações do último Guideline Europeu, de 2015, o qual colocamos abaixo:
Leitura Sugerida:
2015 ESC Guidelines for the management of infective endocarditis.The Task Force for the Management of Infective Endocarditis of the European Society of Cardiology (ESC). European Heart Journal doi:10.1093/eurheartj/ehv319
2014 AHA / ACC Valvular Heart Disease Guideline. JACC Vol. 63. No 22, 2014. June 10, 2014:e57-185

Sobre o Autor

Daniel Valente

Médico com residência médica em Clínica Médica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e em Cardiologia Clínica pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor-HC-FMUSP). Especialista em Ecocardiografia pelo InCor-HC-FMUSP e pelo Departamento de Imagem Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (DIC-SBC). Doutor em Cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Coordenador do Serviço de Ecocardiografia da ONE Laudos.

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