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Pressão arterial elevada assintomática no pronto-socorro: Clinical Policy American College of Emergency Physicians (ACEP)

Ainda abordando o tema do paciente com pressão arterial elevada, trazemos ao blog a Política Clínica oficial do ACEP.

Sob o título de ‘Clinical Policy: Critical Issues
in the Evaluation and Management of Adult Patients in the Emergency Department
With Asymptomatic Elevated Blood Pressure’, ela foi publicada no Annals of Emergency Medicine em Junho de 2013, com provável atualização em 2016.

Essa é uma publicação que representa a posição oficial, baseada em evidências, dessa grande sociedade médica americana.

Nessa publicação, foram abordados duas temas de relevância clínica ao médico emergencista e feita uma extensa revisão literária para mostrar a melhor evidência para responder aos questionamentos:

As questões clínicas foram:
1) No PS, pedir exames para pesquisa de lesões em órgão alvo de indivíduos
assintomáticos reduz a taxa de eventos adversos ?
2) Nos
pacientes com aumento de PA, intervir medicamentosamente no PS reduz a taxa de
eventos adversos ?
Esssa revisão incluiu pacientes
acima de 18 anos, não gestantes, sem qualquer sintomatologia e  com nível de PAS > 160 e/ou PAD > 110, de acordo com a classificação do estágio 2 do VII JNC.
Vamos as conclusões:
1) No
PS, pedir exames para pesquisa de lesões em órgão alvo de indivíduos
assintomáticos reduz a taxa de eventos adversos?
– Não
recomenda-se  realização rotineira de exames para
pesquisa de lesões em órgão alvo, tais como ECG, função renal ou urina tipo 1.
– Em uma
população com baixo acesso a cuidados de saúde, esses exames, sobretudo a função renal, podem ser solicitados no
sentido de se detectar alguma anormalidade que pode justificar internação
hospitalar. 
Veja que não se está dizendo que esses exames não são úteis para o manejo clínico do doente
hipertenso, mas sim questionando qual a real utilidade de fazermos isso no
departamento de emergência.
2) Em
pacientes com PA elevada e assintomáticos realizar intervenção
medicamentosa no PS reduz a taxa de eventos adversos?
– Na maioria
dos pacientes nessa situação a intervenção médica no PS não é necessária.
– Em alguns
pacientes, sobretudo os que tem baixo acesso a saúde, o médico pode iniciar o
tratamento anti-HAS ainda no PS, ou seja, podemos dar uma receita de anti-hipertensivo para uso crônico e não que devemos dar medicação no próprio PS e ‘aguardar’ a pressão baixar!
– Todos os
pacientes devem ser prontamente encaminhados para acompanhamento ambulatorial em curto prazo
Para maior detalhamento sugere-se a leitura do artigo, que é disponibilizada aqui.

Sobre o Autor

Daniel Valente

Médico com residência médica em Clínica Médica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e em Cardiologia Clínica pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor-HC-FMUSP). Especialista em Ecocardiografia pelo InCor-HC-FMUSP e pelo Departamento de Imagem Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (DIC-SBC). Doutor em Cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Coordenador do Serviço de Ecocardiografia da ONE Laudos.

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