Como eu faço?

Desmame de dobutamina – como eu faço?

Num contexto de atendimento de
emergência ao paciente cardiopata grave, seja ainda em setor do Pronto-Socorro
ou unidade de terapia intensiva é muito comum nos confrontarmos com a situação
de paciente utilizando doses altas de medicações dobutamina.
Sempre que lidamos com esse tipo
paciente inotrópico temos de nos perguntar se não já é hora de realizar o
desmame dessa droga.
Para isso, temos de ter
alguns condições básicas alcançadas:
–  Perfusão
do paciente na dose atual do inotrópico tem de estar adequada, ou seja, não se
pode pensar em desmame se, na verdade, estamos aumento dose progressivamente. A avaliação da perfusão no paciente cardiopata é um tema a parte. No geral, nos guiamos por muitos parâmetros: observamos se a função renal vem em melhora, lactato arterial em diminuição, diurese melhorando, tempo de enchimento capilar curto, melhora de sonolência e saturação venosa central próxima ou maior que 70%. Contudo, nenhum desses números é mágico. O paciente tem de ver visto no geral.
–  Os
sintomas de insuficiência cardíaca que motivaram o uso da droga estão
resolvidos ? 
– A
função renal já está estável e com tendência a retorno aos valores basais
prévios a descompensação? 
– Caso
a causa de descompensação da Insuficiência Cardíaca tenha sido infecciosa, esta
infecção está sob controle ou mesmo já foi resolvida?
     –  O
paciente já iniciou o vasodilatador oral (iECA/BRA ou Hidralazina/nitrato) em dose
otimizada.
Alcançando esses 5 tópicos ai sim
deve-se começar a reduzir a dose do inotrópico. Contudo, tenha parcimônia, não
pese a mão. Em geral, uma dose de diminuição de 2-3 mcg/kg/min por dia é
satisfatória. (Provavelmente pacientes que ‘desmamaram’ rápido demais o
inotrópico é porque, na verdade, não estavam precisando da
medicação).
Se com as instruções até agora ditas o desmame tiver falhado. Nessa situação temos 4 opções:

 – Rechecar
se as doses dos vasodilatadores estavam na melhor faixa.
 – Acrescentar
hidralazina/nitrato ao esquema com iECA/BRA.
 – Tente
fazer uso de Levosimendana ou Milrinona.
 – Se
há dificuldade com a vasodilatação VO pode-se tentar o uso de nitrato
endovenoso associado a dobutamina.

Se mesmo assim o desmame não foi possível, a interconsulta com um especialista em
Insuficiência Cardíca / Transplante Cardíaco deve ser feita no sentido de
medidas menos usuais.

Sobre o Autor

Daniel Valente

Médico com residência médica em Clínica Médica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e em Cardiologia Clínica pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor-HC-FMUSP). Especialista em Ecocardiografia pelo InCor-HC-FMUSP e pelo Departamento de Imagem Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (DIC-SBC). Doutor em Cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Coordenador do Serviço de Ecocardiografia da ONE Laudos.

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