As anomalias de coronárias ganharam destaque na literatura atual devido o avanço no uso da angiotomografia como método de imagem na análise da anatomia coronariana. Na prática clínica, é importante identificar quais são as anomalias de coronárias que necessitam de tratamento específico e, nesse aspecto, as artérias com origem anômala em seio aórtico inapropriado (Coronária direita normalmente tem origem no seio coronariano direito e o tronco da coronária esquerda no seio coronariano esquerdo) são importantes causas alta de morte súbita (especialmente em jovens durante atividade física).
Ao avaliarmos o paciente com origem coronariana em seio inapropriado é inicialmente importante identificar qual o trajeto da artéria coronária (figura 1):
Referência: Lim, J. C. E. et al. Nat. Rev Cardiol (2011)
A) Trajeto normal
B) Interarterial (maior risco de morte súbita): Esse trajeto está frequentemente relacionado com outras alterações anatômicas (óstio em fenda, ângulo de origem agudo e porção proximal intramural). O mecanismo atualmente mais aceito como causa de morte súbita é o colabamento da porção proximal da coronária ocasionado por um mecanismo de válvula em atividades físicas vigorosas devido ao estiramento da parede aórtica juntamente com a elevação da pressão arterial, especialmente nos pacientes com componente INTRAMURAL. Outros mecanismos propostos são: 1) compressão da coronária durante o exercício devido a expansão da artéria pulmonar e aorta; 2) a expansão da aorta e artéria pulmonar podendo causar espasmo ou torção da coronária.
C) Prépneumônico
D) Retroaórtico
E) Subpneumônico
Os trajetos retroaórtico, pré-pneumônico e infrapneumônico são considerados trajetos benignos, não associados a isquemia ou risco de morte súbita na enorme maioria dos pacientes. Dessa forma devemos avaliar com maior cuidado devido o risco de morte súbita o trajeto interarterial.
- Pacientes com origem em seio coronariano impróprio e trajeto interarterial devem sempre ser considerados para terapia intervencionista (Cirúrgico ou percutâneo) se prova isquêmica positiva*.
- Pacientes com origem em seio coronariano impróprio e trajeto interarterial sem isquemia: Avaliação de fatores de risco clínicos e anatômicos (óstio em fenda, ângulo agudo de origem, trajeto intramural, origem anômalo do tronco da coronária esquerda) devem ser avaliados para decisão entre observação versus intervenção. Em geral, a origem do TCE com componente intramural é indicação de intervenção mesmo na ausência de isquemia.
* Para a análise de isquemia deve-se preferir métodos de imagem com estresse físico e em segundo lugar o uso de dobutamina pois simulam o estresse hemodinâmico que ocorre durante atividades físicas. O método de tratamento intervencionista é o cirúrgico na grande maioria dos pacientes.