Junto ao Congresso Europeu de Cardiologia (ESC), 2021, também foram publicadas as novas diretrizes para doença valvar adquirida desta sociedade. Separamos, para vocês, algumas novidades:
- Aumentou-se o grau de recomendação para o fechamento do apêndice atrial em pacientes com fibrilação atrial (FA) que serão submetidos a cirurgia cardíaca e possuem escore de CHADSVASC ≥ 2 (IIa). Da mesma forma, os anticoagulantes orais diretos (DOAC) (apixabana, dabigatrana, rivaroxabana, etc) agora são recomendados com maior força no lugar da Varfarina naqueles pacientes com estenose aórtica e nos casos de regurgitação aórtica e mitral (I).
- Cirurgia cardíaca na insuficiência aórtica é recomendada naqueles pacientes com diâmetros sistólico do ventrículo esquerdo > 50 mm ou com fração de ejeção (FEVE) ≤ 50% (I).
- Intervenção valvar aórtica é recomendada em pacientes com estenose aórtica grave SINTOMÁTICA (Velocidade de pico ≥ 4 m/s, gradiente médio ≥ 40 mmHg e área valvar ≤ 1 cm² (ou ≤ 0,6 cm²/m²) (I).
- Intervenção valvar aórtica (por cirurgia ou transcateter) pode ser considerada em indivíduos ASSINTOMÁTICOS que possuam FEVE ≤ 55%, sem outra causa aparente (IIa). Pode-se considerar a intervenção em indivíduos ASSINTOMÁTICOS, mas com FEVE ≥ 55% e com teste de esforço normal se o procedimento for feito em centro de baixo risco de complicações e existam ao menos uma dessas variáveis: a) Gradiente médio ≥ 60 mmHg ou Velocidade de pico ≥ 5 m/s b) Calcificação importante da valva (idealmente avaliada por tomografia) + aumento da velocidade de pico maior que 0,3 m/s por ano c) Níveis elevados de BNP (>3X a referência) persistentemente elevados, sem outra causa plausível (IIa).
- Quando da escolha da intervenção na estenose aórtica (cirurgia ou TAVR) temos: a) Troca cirúrgica parece ser preferível em indivíduos < 75 anos e com STS < 4% ou caso a via transfemoral não seja factível por limitação anatômica (I). b) TAVR é recomendada naqueles > 75 anos ou naqueles com alto risco cirúrgico (STS > 8%) ou não com limitação técnica para procedimento cirúrgico (I). O uso de TAVR por via não transfemoral pode ser avaliada no caso de paciente com impossibilidade técnica a TAVR transfemoral (IIb).
- O uso de terapia antiplaquetária simples deve ser realizado em todos os pacientes após TAVR que não sejam candidato a anticoagulação (I). Naqueles que tem indicação para uso de anticoagulante orais, não há necessidade de se associar a terapia antiplaquetária (I). Não deve ser utilizado anticoagulante oral após TAVR, se o paciente não tiver uma indicação precisa para tal! (III).
- Em pacientes que já estejam em uso de DOAC e necessitem fazer cirurgia, pode-se considerar o uso de bioprótese (IIb).
- Na regurgitação mitral, a troca cirúrgica valvar é indicada naqueles indivíduos SINTOMÁTICOS com diâmetro sistólico ≥ 40 mm e/ou FEVE ≤ 60% (I). A cirurgia pode ser recomendada em pacientes ASSINTOMÁTICOS com diâmetro sistólico ≥ 40 mm e/ou FEVE ≤ 60% E presença de FA ou pressão sistólica de artéria pulmonar (PSAP) > 50 mmHg (IIa). Naqueles assintomático com diâmetro sistólico ≥ 40 mm e/ou FEVE ≤ 60 e aumento do volume do átrio esquerdo indexado ≥ 60 mL/m² ou diâmetro ≥ 55 mm, desde que sejam considerados de baixo risco e em centro com baixa taxa de complicações (IIa).
Leitura sugerida:
2021 ESC/EACTS Guidelines for the management of valvular heart disease. European Heart Journal (2021) 00, 172.