No ambiente do PS é normal a chegada de pacientes com taquiarritmias com necessidade de tratamento medicamentoso.
Nesse contexto, o uso da adenosina pode ter duas funções: lentificar a condução AV para melhor identificação do ritmo ou abolir o circuito de reentrada nodal e resolver a situação.
Adenosina vem em ampolas com 6 mg/2 ml. Sua administração deve ser feita em via venosa de bom calibre, de preferência em região cubital, e utilizando o ‘tree-way’ ou ‘torneirinha’ para facilitar o bolus de 20 ml de solução salina necessários logo após a infusão da droga, conforme demonstra a foto.
Por ser uma droga com meia-vida curta ( < 10 segundos ), deve ser feito um bolus após sua administração para que a mesma chegue o mais rapido possível no seu sítio de ação e exerça a lentificação da condução do nó AV. Ora, se ela atua apenas diminuindo a condução AV é claro que, em taquicardias por automatismo, p.e. taquicardia atrial, ela não consegue resolver a situação, haja vista que esse tipo de evento ocorre por alterações não relacionadas ao nó AV. Contudo, mesmo não revertendo essa situação, por lentificar a condução AV ela pode tornar mais fácil a percepção das ondas relacionadas a arritmias como FA e Flutter.
Então a sequência é:
1) Monitorize seu paciente
2) Explique que irá administrar uma medicação que talvez cause um certo ‘mal-estar’, mas que isso será passageiro
3) Faça a infusão da adenosina pura – 6 mg na primeira e 12 mg em uma segunda vez
( Algumas situações demandam a redução da dose pela metade, são elas: caso a administração esteja sendo feita por uma via venosa central, em pacientes transplantados cardíacos ou naquelas usando carbamazepina ou dipiridamol )
4) Faça o bolus com salina imediatamente após o término da adenosina. Se necessário, execute essas etapas com dois operadores: um na adenosina e outro da salina
5) Eleve o braço do doente acima da cabeça.
6) Observe o monitor e veja se houve reversão da arritmia.
Observe, abaixo, um fita de ECG demonstrando o achado pré e pós uso de adenosina. Veja que, logo após a administração do fármaco, ocorre um momento de assistolia, correspondendo a atuação no nó AV, onde causa um bloqueio do circuito de reentrada lá formado. Logo após esse período, observe o retorno ao ritmo sinusal do doente.
Fonte: arquivo pessoal do autor |