Todo cardiologista clínico tem de entender como é feita a divisão dos segmentos do ventrículo. Há alguns anos, a American Heart Association, em conjunto com as diversas sociedades de imagem cardiovascular americana resolveu padronizar a segmentação ventricular para melhor a correlação anatômica entre os diversos exames. Essa uniformização é importante para avaliarmos a função segmentar do VE.
De maneira simples, temos 4 paredes (anterior, inferior, septal e lateral) e 4 níveis em cada parede (basal – fica entre o anel mitral e o início da musculatura papilar, médio – na altura dos músculos papilares, apical – após os músculos papilares e até o apex e o próprio apex). A parede septal e a parede lateral podem ser subdivididas em ântero-septal/ínfero-septal e ântero-lateral/ínfero-lateral, mas somente ao nível basal e médio.
Isso é interessante pois veja que a parede ‘posterior’, que é classicamente descrita em cenário de IAM não é reconhecida nessa classificação.
No total, temos 17 segmentos ( 6 a nível basal, 6 a nível médio, 4 a nível apical e o próprio apex) que podem ser classificados de acordo com a sua mobilidade em 4 padrões:
- Normocinéticos / Hipercinéticos
- Hipocinéticos
- Acinéticos
- Discinéticos
A correlação de cada segmento com a irrigação coronária também é possível e pode ser explorada em exames utilizando metodologistas de estress (p.e. ecocardiograma de stress, cintilografia de perfusão miocárdica, etc) para correlação anatômica-funcional, ou seja, se a ‘obstrução’ coronária, de fato, gera repercussão funcional na parede com a qual ela se relaciona.
Veja a figura abaixo que correlaciona os mesmos segmentos com o território coronário (DA = Descendente Anterior, CD = Coronária Direita e CX = Circunflexa).