Existem grandes diferenças entre os dispositivos de assistência circulatória atualmente disponíveis no mercado, variando desde local de implantação, mecanismo de funcionamento, pulsatilidade, tipo de funcionamento do motor. Resumimos aqui as principais características destes dispositivos:
1) Posição em relação ao paciente: para corpóreo ou implantável
Dispositivos podem ser para-corpóreos (fora do corpo) ou implantável. A diferença entre eles é grande, dispositivos para-corpóreos limitam a capacidade de deambulação do paciente, apresentam maior risco de trauma, de mau funcionamento por obstrução das vias, de complicações e de durabilidade, sendo os para-corpóreos em geral utilizados como dispositivos de curta duração
2) Mecanismo de inserção: percutâneo ou cirúrgico
Os dispositivos podem ser implantados percutaneamente ou cirurgicamente, os de implantação percutânea são utilizadas apenas como dispositivos de curta duração. Os de inserção cirúrgica podem ser de longa ou curta duração.
3) Tipo de fluxo: contrapulsação, contínuo ou pulsátil
O fluxo do dispositivo pode funcionar em contrapulsação ( Balão Intra Aórtico), contínuo ( funciona constantemente durante o ciclo cardíaco) ou pulsátil (fluxo pelo dispositivo de acordo com o ciclo cardíaco)
4) Ventrículo assistido
Assistência do ventrículo esquerdo, direito ou ambos
5) Mecanismo de funcionamento da bomba: Axial ou Centrífugo ( para bombas de fluxo contínuo)
O tipo de funcionamento da bomba ( axial ou centrífugo) apresenta grande diferença fisiológica em sua funcionamento. A bomba centrífuga funciona como um “arremessador”, ou seja ela captura em suas lâminas e o arremessa para frente, tangencialmente ao plano das lâminas; As bombas axiais funcionam como o ato de “empurrar” ela recebe o sangue o empurra para frente, paralelo ao plano da bomba. A figura 2 resume a diferença entre essas bombas.
A importância do mecanismo de funcionamento da bomba reside no fato de que as bombas centrifugas são mais “sensíveis” a mudança da pós-carga e pré-carga e por isso durante o ciclo cardíaco elas variem amplamente o seu fluxo de sangue durante sístole e diástole, dessa maneira elas são mais efetivas para retirar a carga excessiva do VE, o que tem sido apontado como um dos fatores que induzem a recuperação do VE após o implante do dispositivo. Este conceito teórico ainda não foi confirmado em estudos clínicos.
Principais diferenças fisiológicas entre as bombas axiais e centrífugas. Fonte: Moazami et al. Comparison of Axial vs Centrifugal Pumps. JHLT 2013 |
Porquê a pulsatilidade é importante já que o débito cardíaco é o mesmo ?
6) Tipo de suporte da bomba: mecânico, hidrodinâmico, eletromagnético ou magnético
7) Durabilidade: curta ou longa duração
8) Mecanismos pelos quais o dispositivo pode ser efetivo ?
Referências:
1) Mancini and Colombo. Left Ventricular Assist Devices: A rapidly evolving alternative to transplant. JACC 2015
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26065994
2) 2015 SCAI/ACC/HFSA/STS Clinical Expert Consensus Statement on the Use of Percutaneous Mechanical Circulatory Support Devices in Cardiovascular Care. JACC 2015
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25861963
3) Moazami et al. Comparison of Axial vs Centrifugal Pumps. JHLT 2013
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=23260699
4) Fiorelli AI et al. Assistência circulatória mecânica: porque e quando.
http://www.revistas.usp.br/revistadc/article/viewFile/59055/62042