Aproveitando a abordagem do nosso último post sobre pulso femoral na parada, discutiremos um artigo inusitado e com uma visão “fora da caixa” sobre a parada cardiorrespiratória.
Os guidelines da AHA ( American Heart Association) recomendam ao profissional capacitado para suporte avançado de vida checar o pulso central entre 5-10 segundos para decidir iniciar reanimação cardipulmonar em indivíduos que não respondem a estimulação física/verbal e não tem pulso. No entanto, a habilidade de checar o pulso carotídeo por profissionais de saúde foi avaliada apenas em alguns estudos pequenos antes da recomendação da diretriz. Pensando nisso, pesquisadores da Alemanha projetaram um estudo com o intuito de avaliar a capacidade dos profissionais de reconhecer um paciente sem pulso carotídeo, bem como o intervalo de tempo necessário para tal.
O desenho do estudo é bem interessante: 16 pacientes submetidos a cirurgia de revascularização miocárdica com uso de circulação extracorporéa (CEC) eram avaliados por profissionais de diferentes categorias ( Estudantes em treinamento, Técnicos de emergência em treinamento, Paramédicos em treinamento e Paramédicos ‘seniors’) e deveriam reportar ao examinador a presença ou não do pulso carotídeo. Os profissionais eram cegados para o status circulatório do paciente e toda monitorização do paciente estava fora do campo de visão do participante.
Pontos essenciais:
1) Durante a CEC o paciente não apresenta pulso carotídeo pela fato do fluxo sanguíneo ser contínuo. 2) Durante circulação espontânea o pulso deveria ser palpável ( Com pressão arterial invasiva indicando PAS>80mmHg em todos os momentos do teste)
Os resultados do estudo são surpreendentes: a média para decisão dos participantes entre foi de 24 segundos!
É interessante observar que apenas 15% do participantes conseguiu identificar corretamente a presença ou não do pulso nos 10 segundos recomendados atualmente pela AHA (veja a figura 3).
É interessante observar que apenas 15% do participantes conseguiu identificar corretamente a presença ou não do pulso nos 10 segundos recomendados atualmente pela AHA (veja a figura 3).
Com base
neste estudo e em outros estudos semelhantes, em 2010 a AHA retirou a
necessidade de checar o pulso para indivíduos leigos / apenas treinados em BLS ( fonte ACLS uptade 2015):
neste estudo e em outros estudos semelhantes, em 2010 a AHA retirou a
necessidade de checar o pulso para indivíduos leigos / apenas treinados em BLS ( fonte ACLS uptade 2015):
No
entanto, ainda permanece a recomendação para profissionais de saúde ( fonte ACLS uptade 2015)
entanto, ainda permanece a recomendação para profissionais de saúde ( fonte ACLS uptade 2015)
Qual a relevância deste
estudo?
estudo?
1) É muito mais difícil
tomar uma decisão sobre a presença ou não de pulso em pacientes sem
pulso do que naqueles com pulso.
tomar uma decisão sobre a presença ou não de pulso em pacientes sem
pulso do que naqueles com pulso.
2) O tempo de
10 segundos parece ser INEFICIENTE para a tomada de decisão
10 segundos parece ser INEFICIENTE para a tomada de decisão
3) O indíce de erro em
uma situação de vida real é excessivamente
alto mesmo para profissionais treinados para situações de
emergência ( Paramédicos com experiência > 2 anos)
uma situação de vida real é excessivamente
alto mesmo para profissionais treinados para situações de
emergência ( Paramédicos com experiência > 2 anos)
Obviamente que após este
estudo – e outros similares – uma série de estudos foram realizados na
tentativa de validar o uso do USG doppler para checar o pulso central em
situações de PCR. Sem, no entanto, provar benefício do uso do USG doppler para
pacientes em PCR. Na
última atualização do ACLS publicada neste ano foi feita a seguinte referência
ao uso do USG durante PCR: pode ser usado desde que não
atrapalhe a PCR ‘convencional” ( recomendação também validada para
pesquisa de sinais de TEP, pneumotórax, hipovolemia, tamponamento pericárdico
durante a parada através do USG)
estudo – e outros similares – uma série de estudos foram realizados na
tentativa de validar o uso do USG doppler para checar o pulso central em
situações de PCR. Sem, no entanto, provar benefício do uso do USG doppler para
pacientes em PCR. Na
última atualização do ACLS publicada neste ano foi feita a seguinte referência
ao uso do USG durante PCR: pode ser usado desde que não
atrapalhe a PCR ‘convencional” ( recomendação também validada para
pesquisa de sinais de TEP, pneumotórax, hipovolemia, tamponamento pericárdico
durante a parada através do USG)
Até que se mudem as diretrizes a
recomendação é: se o profissional de saúde não detectar um pulso em 10 segundos
deve-se iniciar a reanimação imediatamente, considerando-se principalmente o
fato de que as compressões torácicas são uma intervenção relativamente benigna
(frente ao risco de não se reanimar um paciente em PCR)
recomendação é: se o profissional de saúde não detectar um pulso em 10 segundos
deve-se iniciar a reanimação imediatamente, considerando-se principalmente o
fato de que as compressões torácicas são uma intervenção relativamente benigna
(frente ao risco de não se reanimar um paciente em PCR)
Aguardaremos novidades no uso do USG para
checagem do pulso na parada!
checagem do pulso na parada!
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