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H2FPEF – novo critério diagnóstico de ICFEP

Pacientes com insuficiência cardíaca e fração de ejeção reduzida (ICFER) possuem parâmetros diagnóstico mais diretos e consolidados em comparação com pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP). Como conseqüência, os pacientes com ICFEP são uma população muito heterogênea sem uma única característica definidora clara (como exemplo, a reduzida fração de ejeção na ICFER), o que pode resultar em testes adicionais, incerteza clínica e diagnósticos errôneos. Além disso, essa imprecisão também leva a dificuldades no desenho de ensaios clínicos e novas descobertas para tratamento dessa patologia.

O cateterismo cardíaco direito com teste de esforço é o exame padrão ouro para o diagnóstico da ICFEP, mas não está disponível universalmente. Algoritmos diagnósticos para ICFEP usados ​​na prática clínica são baseados na opinião de especialistas. Quando esses critérios foram avaliados prospectivamente, não possuíram boa sensibilidade diagnóstica. Portanto, a ICFEP permanece subdiagnosticada. O modelo diagnóstico mais utilizado tem sido o proposto pela sociedade européia de cardiologia.

Reddy e colaboradores publicaram recentemente um estudo em que desenvolveram um novo critério diagnóstico para ICFEP (H 2FPEF) que pode ter o potencial de superar os critérios anteriores.

O modelo de diagnóstico H2FPEF foi desenvolvido em uma coorte de pacientes com dispnéia inexplicada que foram referenciados para cate direito com teste de esforço. Utiliza 6 variáveis ​​clínicas e ecocardiográficas, incluindo idade> 60 anos, índice de massa corporal (IMC) > 30 kg / m2, hipertensão com ≥2 medicamentos anti-hipertensivos, fibrilação atrial (FA), relação E / e ‘ > 9 e pressão sistólica da artéria pulmonar > 35 mmHg (parâmetros ecocardiográficos). A variável FA recebe 3 pontos e a variável IMC > 30 recebe 2 pontos, enquanto que as demais recebem 1 ponto cada. O escore total varia de 0 a 9 com as pontuações <2 e escores ≥ 6, respectivamente, refletindo baixa e alta probabilidade de ICFEP. O escore H2FPEF teve bom desempenho discriminatório (área sob a curva operacional de 0,84).

Ao estabelecer a probabilidade de doença, o escore H2FPEF pode ser usado para descartar efetivamente a doença entre pacientes com escores baixos (por exemplo, 0 ou 1), para estabelecer o diagnóstico com confiança razoavelmente alta em escores mais altos (por exemplo, 6–9) e para identificar pacientes para os quais são necessários testes adicionais com pontuações intermediárias (por exemplo, 2-5).

Uma ausência perceptível no critério é o NT-proBNP, apesar da associação deste com a ICFEP. Nesse estudo, ele não pode adicionar informações incrementais às variáveis ​​clínicas e à ecocardiografia no diagnóstico. Segundo os autores, esse fato pode ser justificado pela população estudada, composta por pacientes ambulatoriais sem congestão em repouso, diferente do perfil de pacientes que apresentam dispneia aguda em repouso, para o qual o desempenho diagnóstico dos peptídeos natriuréticos está bem estabelecido.

O escore apresentado é fácil de ser realizado, prático e com boa acurácia, apresentando-se como uma excelente ferramenta para o diagnóstico de ICFEP. Porém, é necessária uma maior validação e possivelmente um refinamento do modelo, além de testes em diferentes populações de pacientes com diferentes prevalências de ICFEP. Nesse ínterim, a aplicação desse modelo de diagnóstico deve ser feita com cautela, levando-se em consideração a população estudada.

Referências:

Reddy YNV, Carter RE, Obokata M, Redfield MM, Borlaug BA. A simple, evidence-based approach to help guide diagnosis of heart failure with preserved ejection fraction. Circulation. 2018;138:861–870. 

Sobre o Autor

Caio Cafezeiro

Médico com residência médica em Clínica Médica Hospital Santo Antônio (OSID-BA) e em Cardiologia Clínica pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor-HC-FMUSP).

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