A válvula aórtica normal é composta de 3 cúspides de aspecto semilunar. Cada cúspide é albergada em uma pequena dilatação da base da aorta proximal denominada seios de valsalva ou seios aórticos e é justamente essa relação com cada seio aórtica que dá nome a cada uma das 3 cúspides: cúspide coronária direita ( relacionada ao seio de valvasava de onde sai o óstio da coronária direita), esquerda (relacionada ao seio de onde se origina a coronária esquerda) e a não-coronária.
Nas duas imagens (figura 1 e 2) e vídeo acima observamos em corte paraesternal do eixo curto de um ecocardiograma transtorácico. Repare que na topografia da valva aórtica, observamos o aspecto típico da morfologia bicúspide, com a fusão das cúspides coronária esquerda e direita – esse é o padrão mais comum, também conhecido como ‘padrão típico’. Essa é a patologia congênita freqente, chegando a ocorrer entre 1-2% de toda a população. Ela pode ocorrer isoladamente ou associada a outras má-formações. No caso ilustrado, um paciente do sexo masculino de 42 anos também tinha dilatação da aorta ascendente, situação clínica conhecida com aortopatia bicúspide e que pode ocorrer em até 50% dos indivíduos. Ele foi submetido a cirurgia para substituição da aorta ascendente e da válvula aórtica através de interposição de um tubo de Dacron com prótese aórtica mecânica. Muitas vezes, o diganóstico vai ocorrer apenas na fase adulta como achado em exame de rotina ou através de alguma complicação clínica associada, como endocardite infecciosa, sopro de esternose aórtica, dissecção de aorta, etc.
Na figura 3, logo abaixo, observe o aspecto normal da válvula aórtica tricúspide. Observe que o aspecto tri-valvar apresenta uma imagem muito semelhante ao logotipo da famosa marca de carros de luxo Mercedes-Benz.