Desafio de ECG

Você consegue identificar o achado deste Eletrocardiograma?

Padrão Eletrocardiográfico de Wolff-Parkinson-White intermitente em paciente com extrassístoles atriais frequentes

 

Em 1930, Louis Wolff, Sir John Parkinson e Paul Dudley White publicaram uma série de casos de pacientes que sofriam de paroxismos de taquicardia e tinham em seu eletrocardiograma de repouso um conjunto de alterações característico. A partir deste relato singular, a nomenclatura “Síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW)” ficou conhecida no mundo médico e é utilizada até hoje.
O padrão de pré-excitação de WPW no eletrocardiograma (ECG) em adultos é definido por:
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  1.  intervalo PR curto (< 120ms)
  2.  alargamento do complexo QRS (duração > 120ms) com evidência de “onda Delta”, que corresponde ao grau de despolarização ventricular que é conduzido pela via acessória
  3. alteração secundária da repolarização, geralmente em direção oposta à onda Delta ou ao complexo QRS
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Deve-se diferenciar, no entanto, a presença de pré-excitação com “padrão de WPW”, da “síndrome de WPW”. A síndrome é definida quando além do padrão eletrocardiográfico o paciente apresenta sintomas de taquiarritmias, das mais variadas possíveis, a mais frequente delas a Taquicardia Atrio-Ventricular (TAV). Esta taquiarritmia nada mais é que um mecanismo de reentrada entre a via acessória e a via nodal habitual, gerando frequências ventriculares elevadas e um padrão sugestivo ao ECG.
O padrão de WPW é encontrado em menos de 0,25% da população, podendo ser intermitente ou fixo. A síndrome de WPW, por sua vez, é ainda mais rara, com prevalência descrita de 0,07%, sendo um pouco mais frequente em parentes de primeiro grau de portadores da síndrome.
No paciente em questão, observam-se graus variáveis de pré-excitação, mais evidente principalmente depois de extrassístoles atriais. A justificativa é que provavelmente esses batimentos ectópicos supraventriculares acabam encontrando a via acessória mais rapidamente que durante o batimento sinusal, logo, uma maior porção da despolarização ventricular se dá pela via acessória e portanto, mais visível fica a onda delta no ECG.
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Referência
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Josephson ME. Preexcitation syndromes. In: Clinical Cardiac Electrophysiology, 4th, Lippincot Williams & Wilkins, Philadelphia 2008.

Sobre o Autor

Rodrigo M. Kulchetscki

Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Paraná. Residência Médica em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) e em Cardiologia Clínica pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor-HCFMUSP).
Atualmente é Fellow em Arritmia, Eletrofisiologia e Estimulação Cardíaca Artifical na mesma instituição.

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